Acordei com um toque  no meu braço direito. A mão era firme e quente, como carvão em brasa. O dono obviamente, era Castiel, que me encarava com uma expressão curiosa; a pele branca e pálida em contraste com as labaredas do cabelo vermelho.
   - Emery, desculpe te acordar, mas... preciso conversar com alguém. Sabe, eu também tenho coração, mesmo sendo mais duro que o da maioria!- E sorriu, fazendo-me rir junto.
   - Nunca duvidei disso, Castiel. Está tudo bem? Aconteceu algo?
   - Estou com um problema, e o nome dele, ou melhor, dela, é Inkas!
   - Bem, - me endireitei na maca e puxei-o para perto, deixando que senta-se na cadeira de visitantes ao meu lado.- Estou aqui, pode começar quando quiser!
   -Vou te contar uma história:
Eu e Inkas fomos ao parque. Estava nevando e a água do lago estava congelada, com patinhos escorregando alegres pelo gelo fino. Ela sempre foi corajosa e tomou a iniciativa, pegou a minha mão de forma firme e encaixou-a no bolso do casaco junto a dela porque eu estava sem luvas. Ela sorriu, e, mesmo tímida, conseguiu me fazer corar. Isso nunca havia acontecido antes, NUNCA HAVIA CORADO COM UMA GAROTA E...
   - Calma,- interrompi-o, - não há nada demais nisso. Enquanto for vivo e sangue circular nas suas bochechas, você vai corar, Cast!
   - A questão não é essa Em's, você vai entender! Continuando, eu e Inkas passamos em frente a uma barraca de flores, e comprei algumas margaridas para ela. Ela carregou o buquê como se fosse feito de ouro maciço e não pude evitar algumas risadas quando ela tropeçava em alguns degraus da escadaria do parque. Sentamos em um banco, perto de alguns pinheiros com folhas presas em flocos de neve e ela começou a rir sozinha. Quando perguntei o que havia acontecido, disse que meu cabelo era como tomates e eu ri muito daquilo. Sempre gostei da maneira que ela vê o mundo.
   " Já que estava tarde, ela resolveu ir embora, mas já que mora a algumas quadras de onde estávamos, não permitiu que eu fosse com ela. Estávamos saindo do parque quando, de repente, não me segurei e beijei-a. Eu precisava sentir aquele hálito doce, tocar aquele cabelo verde-esmeralda e saber que ela era minha e de mais ninguém. Pensei que ela iria me empurrar com aqueles dedos pequenos, mas ela me correspondeu, com um desejo voraz e claro. Nossos lábios se mexiam como se fosses as duas últimas  peças perdidas de um quebra-cabeça e no entanto, depois de perceber que  por mais que desejasse a essência do outro, também necessitava de oxigênio, nos afastamos. Apenas o suficiente para ar entrar nos pulmões, mas negando tirar minhas mãos de sua cintura. "Tenho que ir, Cast!", e assim ela se foi, sem nem mesmo um "até logo!". - Emery, acho que estou pirando! Não sei se ela me ama ou se está jogando comigo. O QUE EU FAÇO?
       - Simples, Castiel: Peça Inkas em namoro! É claro que ela te ama e você também sente o mesmo por ela, e nem tente negar!- Sorri para ele.- Amor não é um problema, é uma solução! Agarre-a!
       - Obrigado, Em's.- Ele beijou minha mão- Ainda bem que tenho você aqui comigo, irmanzinha! haha- Agora tenho que ir! Fica bem logo, tá?
       -Ok, Castiel! Volte logo e traga NOSSA Inkas junto.

     Castiel foi embora. Pensei vagamente na história e escrevi em um pedaço de papel a fórmula:
   
                      margaridas + Cabelo de tomate +  pitada de Inkas = Amor

     Acho que isso serve para mim! Enquato vagava pelo quarto, alguém bateu na porta. Pedi que entrasse e Nathaniel surgiu, com uma blusa verde e calças jeans azul claro. Ele veio em minha direção e, como o de costume, endireitou-se ao meu lado da cama, deixando me envolvida em seus braços como fazia desde quando acordei, há uns 4 dias atrás. Estávamos próximos, de maneira que Nath me iluminava como o Sol faz com a Terra. Conversamos alegremente e, cansada, repousei minha cabeça em seus ombros e minha mão em seu peito. Continuaria assim, mas a porta se abriu e, pensando que era novamente o médico, nem nos separamos. Mas não era o doutor. Quem estava parado, fixando o olhar em nossos corpos alinhados era Kentin.
 
 

 Haviam espinhos em toda a parte. O sol estava brilhando fraco e aos poucos ia se desfazendo, como feito de migalhas. Este então é o fim do mundo?, pensei, mas antes que concluísse a linha de raciocínio, um zumbido feroz cortou o ar, indicando que algo se aproximava. No horizonte, uma forma negra apareceu e, em alta velocidade, tomou forma: um carro. Quando me preparei para correr, percebi que não conseguia mexer minhas pernas, mas já era tarde; o carro estava bem na minha frente e....
             Acordei. Estava deitada em uma maca hospitalar branca, assim como todo o quarto. Na cabeceira, haviam rosas vermelhas com um bilhetinho assinado com a caligrafia de Mary. No sofá, havia um garoto de cabelos lisos e loiros dormindo. Nath,pensei, O que está fazendo aqui? Ia me levantar e acordá-lo com um abraço, mas uma onda de dor surgiu na costela e percorreu meu corpo, fazendo-me gemer. Creio que o som roco de minha garganta foi mais alto do que o esperado, já que Nathaniel acordou e, apressadamente, levantou e se sentou ao meu lado.
            Ele me olhou com intensidade, os cabelos desgrenhados, o pulso firme e a boca rígida. Pareceu ouvir as dúvidas em minha cabeça, como se eu as tivesse dito em voz alta.
            -Você foi atropelada, Emery. O motorista fugiu, mas você vai ficar bem e é isso que importa.- Tocou de leve a minha mão, como se eu fosse um vaso frágil prestes a quebrar. Mas eu não era, e , portanto, puxei-o para um abraço apertado que, através de toda a dor que me gerou, foi a única forma de digerir todas aquelas informações. Nath sentiu o quanto eu necessitava daquilo e não me afastou, apenas me envolveu suavemente, arqueado minha cabeça em seus ombros, como um bom amigo faria.
          - Nath, quero ir embora daqui! Tenho aula e as provas estão chegando e...
           -Emery- ele me interrompeu, suave e calmo- as provas foram a dois dias atrás. Você está aqui há mais de uma semana!
          Foi como se um punhal se enterrasse entre os meu ossos. Me lembrava vagamente do que havia acontecido: A chuva caindo, meus cabelos soltos, Jade indo embora, o garotinho Luis, o farol amarelado do carro e a dor estrondosa antes da total escuridão, mas ficar inconsciente por 7 dias era demais! Nath sentou ao meu lado, e colocou uma mecha dos meus cabelos abarrotados atrás da orelha. Aos poucos, esticou-se e passou seu braço esquerdo por trás da minha coluna, deixando-me usá-lo como travesseiro.
          Ficamos assim por um bom tempo. Nenhuma palavra dita, nenhum pensamento exposto, apenas o toque do corpo e o calor que irradiava de Nath. As pessoas falavam que Castiel era como o fogo, enérgico e quente, e Nathaniel como pedra, sério e focado, mas discordo. Nath é tão brilhante quanto o Sol, ainda mais com o bronze de sua pele e o dourado de seus cabelos.
          - Estes dias, Inkas, eu, Mary e até o Castiel vieram te ver. Rosa e o Lys vão vir amanha, quando sairem da loja. Todos estão preocupados e adorarão saber que acordou.
          - E Kentin? Jade?- Perguntei, a voz fraca e inexpressiva.
          - Jade ainda não apareceu e Kentin está numa viagem com Ambre. Os dois oficializaram o namoro logo após o seu acidente. Sinto mui...
          - Não se desculpe, Nathaniel. Eu e Ken somos amigos, bem, ou fomos, e não tenho nada a ver com a vida pessoal dele. Jade também sabe se cuidar, ele vai ficar bem. Eu não sei é como eu vou ficar nessa história.
          - Você tem amigos. Alguns, como a Íris, não te visitaram por diversos motivos, mas mandaram cartões e chocolates. Estão junto com as flores de Mary. E acima de tudo, tem a mim, e nunca abandono meus amigos, ainda mais quando são como você, especias de mais pra se perder.- Suas bochechas coraram, e eu me inclinei para beijar sua testa, bem na hora em que o médico entrou pela porta:
          -Desculpe interromper- disse, claramente envergonhado- mas a senhorita Emery precisa de descanso. Poderá vê-la amanhã,e não adianta dizer, mocinha, que não quer repousar. São normas do hospital!
          E antes que eu evitasse, Nath se levantou, beijou minha bochecha e sussurrou um "Até amanha, Emery!". Parou na porta e antes de se retirar, sorriu para mim, me fazendo rir junto consigo. Tentei virar para o canto, focando o olhar nas pétalas vermelho-sangue das rosas. Adormeci logo após.
       

Welcome

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Bem- vindos ao meu pequeno mundo *-*

Sobre o Blog

" História de uma docete é apenas um blog que dá asas a minha imaginação. Cada personagem possui uma pequena parte de mim, independente se é boa ou ruim. Sempre abordo o amor, o ódio, a dor, o medo e a amizade quando escrevo algo, pois são fatores que estão constantemente presentes em nossas vidas. Acho maravilhoso abordar o que é recíproco ou não, e por isso, garanto que este blog será um cantinho no qual iremos nos apaixonar cada vez mais!"
-Emme